Varizes e Circulação
- Dr. Lucas Barbosa
- May 5, 2017
- 3 min read
Apesar das estatísticas variarem, estima-se que até 50% das pessoas desenvolverão as famigeradas varizes. Sem dúvidas é uma das condições pela qual o Cirurgião Vascular é mais requisitado no consultório. Podem não provocar qualquer sintoma, sendo apenas um incômodo estético ou realmente serem responsáveis pelo comprometimento funcional do paciente (atrapalhando suas atividades diárias). Afinal, o que são as varizes? Como surgem?
Como costumo orientar meus pacientes, de forma bem simples, o corpo humano tem seus tecidos nutridos pela corrente sanguínea. O sangue arterial, rico em oxigênio e nutrientes irriga todos os órgãos e o sangue venoso é formado ao recolher seus dejetos e CO2 (dióxido de carbono). Até este ponto, tudo bem. Contudo, neste vai-e-vem de sangue, que compõe a circulação, temos um desafio - especialmente nos membros inferiores (coxas e pernas). O coração tem como papel fazer o sangue chegar até a ponta do dedos, impulsionando-o exatamente como uma bomba, em alta velocidade, contando ainda com a ajuda da força da gravidade na maior parte do tempo.
O desafio é o seguinte: como fazer com que o sangue, uma vez nos pés, retorne ao coração, no mesmo fluxo em que “desceu”, mesmo que contra a força da gravidade?
É justamente a incapacidade de suplantar esta dificuldade que gera as indesejadas varizes. Nós possuimos mecanismos pressóricos e mecânicos que promovem o retorno venoso - termo que usamos para designar este complexo processo.
Os Mecanismos do Corpo Humano
Nas veias possuímos válvulas, responsáveis por manter, assim como comportas, um só sentido possível do fluxo sanguíneo dentro destes vasos - no caso das pernas, ascendente. A presença destas estruturas funcionando de forma adequada é o que evita que este sangue venoso, pobre em oxigênio e nutrientes, "desça" de volta em direção aos pés.
O fluxo arterial, apesar de perder muito da sua “força” ao percorrer cada pequeno vaso dos tecidos (chamamos isso de resistência periférica), em parte “empurra” o sangue venoso, pois a circulação é um circuito fechado. Outro mecanismo se dá pelas próprias paredes artérias. Paralelamente a elas correm veias homônimas, que, pela pulsação arterial próxima, são levemente comprimidas e o sangue nas veias contido é, desta forma, bombeado. Temos também uma diferença de pressão entre as veias das coxas e as veias abdominais que as drenam, variando conforme a respiração.
Outra importante fonte de energia vem através dos músculos da perna, especialmente a região da panturrilha ("batata da perna"). Ao contraírem, geram uma força que de certa forma comprime as veias entre eles contidas, simulando uma verdadeira ordenha.
O Surgimento das Varizes
O desequilíbrio deste delicado sistema sobrecarrega principalmente as válvulas, que aos poucos perdem sua função de reter o sangue, permitindo o desenvolvimento do refluxo venoso.
Vejamos bem; com o fluxo nas artérias sempre mantido (o coração nunca descansa!), mas nem todo o sangue conseguindo retornar, geramos necessariamente um acúmulo de líquido (sangue) nas veias.
É exatamente como uma pia com a torneira ligada e um ralo que não funciona bem.
Essa carga extra de sangue nas veias, pouco a pouco, acaba por dilatá-las gerando as conhecidas consequências. Os vasos mais superficiais são logo notados com mais nitidez através da pele - sejam os bem finos (microvarizes) e também os mais grossos - varizes.
Nossas veias são feitas de paredes bem permeáveis, como um filtro. Quando sobrecarregadas e dilatadas, ao invés de recolher o líquido dos tecidos, acaba por devolvê-lo, gerando o que conhecemos como edema (ou "inchaço", inchume").
Os resíduos do funcionamento dos tecidos (músculos, pele, ossos), como não são bem recolhidos nesta situação, acabam se acumulando e gerando as sensações de desconforto, dor em peso, dormência e até cãibras.
Ficou alguma dúvida? Deixe seu comentário logo abaixo! Lembre-se que o nosso foco aqui é esclarecer e informar. Para uma avaliação médica completa, procure seu Cirurgião Vascular.
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