Ultrassonografia e Doppler Colorido
- Dr. Lucas Barbosa
- Apr 26, 2017
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Também conhecido como Ecografia com Doppler, Ecocolor Doppler, Ultrassonografia com Doppler, Duplex Scan, Doppler Colorido
e outras variantes é, sem dúvidas, o exame mais solicitado pelo Cirurgião Vascular e Angiologista.
De forma simples, o exame de ultrassonografia pode ser resumido como a tradução em imagens dos diferentes graus de ecogenicidade (capacidade de gerar eco a partir de um som) dos tecidos no corpo. O nome "ultrassonografia" é utilizado pois usamos um aparelho que emite ondas sonoras que estão além da capacidade humana de percepção ("ultrassom"), traduzido então graficamente ("grafia").

Uma função extra do aparelho utiliza o "Efeito Doppler" (descrito em 1842 por Johann Christian Andreas Doppler). A essência é a mesma, entretanto o alvo estudado está em movimento (corrente sanguínea) o que, a partir disso, nos fornece importantes informações sobre seu fluxo. Há muita engenharia, física e matemática envolvida para chegarmos nas "nítidas" (acredite, eram muito piores há alguns anos) imagens de que hoje dispomos.
As variações no nome do exame ocorrem ao combinar os termos "eco" para designar aquilo acima citado, "colorido" / "color" que é a forma gráfica (azul e vermelho) na qual os fluxos são representados e o termo "duplex", quando unimos as duas tecnologias na mesma imagem.
De forma geral, apesar de diversos estudos já terem sido realizados, é um método de avaliação sem riscos à saúde do ser humano. As ondas sonoras emitidas não provocam nenhuma alteração no corpo - seja térmica, estrutural ou microbiológica. Não provoca dor, choque nem nada perceptível. Então não se preocupe se estiver em preparo para realizar este exame. Contudo, vá com paciência (o exame leva alguns bons minutos para ser concluído) e com uma roupa bem folgada - especialmente em caso de estudo de membro inferior, que necessariamente envolverá a avaliação dos vasos na região inguinal (virilha).

Imagem que exibe a artéria carótida, veia jugular e seus fluxos (em vermelho e azul, respectivamente). Parâmetros extras como velocidade e padrões encontram-se na parte inferior da figura.

O exame é sempre realizado por um médico, em geral um Radiologista ou Cirurgião Vascular. Se a estrutura local permitir, o próprio Cirurgião Vascular pode executá-lo no momento da consulta médica. Só há preparo prévio em caso de avaliação de vasos da região abdominal. Durante a execução utilizamos um gel à base d'água (pode estar bem gelado) que contribui para a propagação das ondas de ultrassom. Seus resultados podem muitas vezes ser conclusivos a respeito de doenças ou alterações suspeitas, fechando um diagnóstico. Apesar disso, também pode ser apenas um primeiro passo numa investigação, levando à solicitação de outros exames mais invasivos ou que envolvam radiação ionizante (como tomografias e angiografias).
Os resultados podem descrever vasos com estenoses (dificuldade de passagem do fluxo), oclusões ("entupimento total"), refluxo ou incompetência (veias que ao invés de drenar, "devolvem" o sangue venoso aos tecidos), tromboses, aneurismas e muitos outros achados. Quaisquer um desses termos ou características não devem ser levados em consideração até que seu médico possa correlacionar com os dados clínicos (entrevista e exame físico).
Num próximo artigo abordarei com mais detalhes alguns desses possíveis achados.
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Curiosidades e extras:
1. É o estereótipo do que chamamos de "exame examinador-dependente", ou seja, seus resultados dependem extremamente de quem executa. Os ângulos de insonação (descargas dos feixes de som), bem como o bom conhecimento das "janelas" (regiões estratégicas do corpo onde conseguimos avaliar melhor uma estrutura) e das doenças a serem diagnosticadas fazem muita diferença no laudo. Um agravante é que, diferente de uma tomografia, não podemos rever as imagens realizadas "em tempo real", nem garantir a forma e manobras que foram utilizadas para obtê-las. Além disso, exige atualização médica constante no uso de diversas tabelas e parâmetros que são decisivos nos diagnósticos.
2. O exame sem dúvida mais solicitado é do Sistema Venoso dos Membros Inferiores, em geral para avaliar as varizes e suas causas. Ele deve ser realizado numa maca capaz de realizar inclinações ou, se for de preferência do examinador, com o paciente de pé e pode levar um bom tempo para ser finalizado (podendo chegar a uma hora).
3. Alguns outros exames possíveis: Sistema Arterial dos Membros Inferiores e Superiores, Carótidas e Vertebrais, Estudo de Membro Superior Para Fístula Arterio-Venosa, Aorta, Eixo Aorto-Ilíaco e Artérias Renais.
4. Um aparelho novo pode custar em torno de R$ 80.000,00 até bem mais de R$ 300.000,00, sendo sua manutenção e seguro proporcionais. Existem modelos portáties no formato de laptops ou mais robustos como o da foto no artigo. Variam na velocidade de processamento, nitidez da imagem, sensibilidade diferenciada ao fluxo sanguíneo e diversas funções extras que agilizam o exame, além de torná-lo mais completo. Os mais modernos têm alta conectividade, podendo imprimir à distância e enviar pequenos clipes de vídeo e imagens através de wi-fi.
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